Átalo I (em grego
Attalos) Sóter (grego: Salvador) viveu entre 269 a. C. e 197 a. C., reinou 44 anos sobre Pérgamo e territórios, sendo o mais célebre membro da dinastia atálida. Foi o primeiro governante de Pérgamo a usar o título de rei; grande militar, venceu as tribos gálatas que assolavam a Ásia Menor, conquistou territórios dos Selêucidas, combateu as pretensões expansionistas da Bitínia, lutou ao lados dos Romanos nas guerras contra Filipe V da Macedônia. Era entusiasta das artes e das ciências tendo fundado a biblioteca de Pérgamo.
Pouco se sabe sobre sua infância e juventude. Seu pai, Átalo, era filho de outro Átalo, irmão de Filetero, fundador da dinastia atálida, e irmão de Eumenes, pai de Eumenes I, predecessor de Átalo no trono. O Átalo pai do rei de Pérgamo é mencionado junto com seus irmãos como homem muito querido em Delfos na Grécia. Ganhou grande fama como condutor de carros e ao vencer em Olímpia foi recompensado com um monumento em sua honra em Pérgamo. A mãe de Átalo, Antióquis, pertencia a família real selêucida, sendo possivelmente neta de Seleuco I Nicátor. O matrimônio de Átalo e Antióquis foi organizado por Filetero com o objetivo de consolidar seu poder na Ásia Menor. Esta hipótese se baseia no fato de que Filetero designou ao pai do futuro monarca como seu herdeiro, ainda que fosse sucedido por Eumenes já que, quando da morte de Filetero, Átalo ( o pai de Átalo I Sóter) era muito jovem para governar.
Átalo se casou com uma mulher chamada Apolonis que procedia de Cízico. Tiveram quatro filhos: Eumenes, Átalo, Filetero e Ateneu (em memória do pai de Apolonis). As virtudes de Apolonis e amor que havia dentro da família de Átalo tornaram-se célebres. Abaixo a genealogia dos Atálidas.
O pai de Átalo Sóter morreu quando este era um menino e o jovem Átalo foi adotado por Eumenes I, a quem sucedeu, e tinha 28 anos quando começou a reinar em 241 a.C. E seu primeiro desafio foi enfrentar os temidos gálatas, povo celta que havia cruzado o Estreito do Bósforo e causava grande terror na Ásia com suas pilhagens. Desde os tempos de Filetero, este povo tinha sido um grande inconveniente para o Reino de Pérgamo. As tribos gálatas vinham ameaçado os povos na Ásia Menor obrigando-os a pagar um tributo de proteção. Eumenes I habituou-se em pagar o tributo a fim de proteger seu reino do ataque dos Gálatas. No entanto, quando da ascensão de Átalo ao trono este recusou-se a continuar esse costume, tornando-se o primeiro governante a ter a ousadia de fazê-lo. Em conseqüência, os gálatas atacaram Pérgamo. O exército de Pérgamo e as forças gálatas se enfrentaram nas imediações da nascente do rio Caico e Átalo saiu-se vitorioso. Uma inscrição situada na Acrópole de Pérgamo reza: “Rei Átalo tendo conquistado em batalha os Gálatas Tolistoagii próximo das fontes rio Caico oferece em agradecimento a Atena”. Devido a esta grande vitória, Átalo adota o epíteto grego de Sóter (salvador) e o título de basileus, rei. O significado dessa vitória foi tamanho que posteriormente se criou a lenda de uma profecia de que um filho do touro de Zeus derrotaria os gálatas e esse filho foi identificado com Átalo que teria feições bovinas. Na acrópole de Pérgamo foi erguida em comemoração da vitória um monumento triunfal que incluía uma famosa escultura chamada Gálata moribundo. Abaixo, representação do monumento original.
A escultura original desapareceu, mas perduraram cópias da mesma como a do Museu Capitolino em Roma (abaixo).
Erupção de guerra civil no Império Selêucida: é a Guerra dos Irmãos (241 – 235 a.C.). Selêuco II Calínico é desafiado por seu irmão Antíoco Hiérax, que dominava as possessões selêucidas na Menor a partir de Sardes. Pérgamo foi novamente atacada pelos Gálatas junto com seu aliado Antíoco Hiérax. Átalo derrota-os na Batalha de Afrodísio e novamente em uma segunda batalha no Leste. Em batalhas seguintes Átalo I lutou somente contra Hieráx na Frígia Helespontina, onde possivelmente Hiérax buscava refúgio junto a seu sogro, o rei Ziaelas da Bitínia; Átalo derrotou-o novamente nas proximidades Sardes na primavera de 228 a.C. e, finalmente, em uma campanha na Cária de onde Hiérax foge para o Egito onde será assassinado. Assim Átalo torna-se senhor das possessões selêucidas na Ásia Menor ampliando grandemente o território de Pérgamo. Abaixo, expansão do reino de Pérgamo.
No entanto, o rei selêucida Seleuco III Cerauno, sucessor de Seleuco II Calínico, inconformado, luta para reaver os territórios da Anatólia e após várias batalhas derrota Átalo nos pés dos montes Tauros. Porém, vítima de traição, Seleuco III é assassinado em 222. O novo rei selêucida, Antíoco III Megas, faz do general Aqueu governador do norte dos montes Tauros e em dois anos Aqueu recupera os territórios anexados pelos pergamenos confinando Átalo a região original de Pérgamo. Posteriormente, Aqueu se emancipou de Antíoco III assumindo o título de rei e passou a governar sozinho grande parte da Ásia Menor. Em 220, estoura a guerra entre Rodes e a cidade de Bizâncio por causa de tributos na passagem do Bósforo trácio. Prusias I, rei da Bitínia, se aliança com Rodes e Bizâncio pede ajuda Átalo I de Pérgamo e a Aqueu. Eles iniciam um movimento para estabelecer o tio de Prusias, Tiboetes, que vivia na Macedônia, como rei da Bitínia, que no entanto, morre inesperadamente. A ajuda de Átalo não foi eficaz e por fim, através de negociações mediadas por Cauaros, rei dos gauleses da Trácia, houve paz entre Rodes e Bizâncio.
Em 218 a.C. Átalo contrata mercenários gálatas e recupera os territórios perdidos aproveitando a ausência de Aqueu que estava em campanha na Pisídia. Com ajuda dos gálatas conquista também algumas cidades gregas ao sudeste do Mar Negro.
Em 217, Aqueu retorna e luta para reaver seus domínios. Átalo, porém, se aliança com Antíoco III que em 216 invade os domínios de Aqueu derrotando-o em 214 a.C. Antíoco recupera as possessões selêucidas na Ásia Menor e Pérgamo fica restrito a suas possessões antigas ( mapa abaixo).
No Ocidente, a Liga Etólia, uma união de estados gregos da Grécia Central, combate o rei Filipe V da Macedônia que pretende dominar toda a Grécia. Filipe firmou uma aliança com o general cartaginês Aníbal em 215 a. C., o que causou uma grande preocupação em Roma, que estava perdendo na Segunda Guerra Púnica. Em 211 a. C. Roma e a Liga Etólia, vislumbrando inimigos comuns, firmaram um tratado e se unem em uma coligação da qual Átalo I faz parte. Átalo foi eleito como um dos dois
strategos (generais) da Liga, e em 210 a. C. comandou a suas tropas na captura de ilha de Egina, a qual adotou como sua base de operações na Grécia.
Durante a primavera do ano seguinte, em 209 a. C., Filipe marchou ao sul da Grécia. Sob o comando de Fírrias, colega
strategos de Átalo, os aliados etólios perderam duas batalhas em Lamia. Átalo marchou para a Grécia em julho e se uniu em Egina ao procônsul romano Públio Sulpício Galba Máximo que estava acampado aí com seu exército. Durante o verão de 208 a. C. uma armada composta por 35 barcos de Pérgamo e 25 barcos romanos fracassaram em seu intento de tomar Lemnos, ainda que tiveram êxito na tomada da ilha de Escópelo.
Abaixo, estátua de guerreiro pergameno.
Átalo e Sulpício participaram de uma reunião dos líderes antimacedônios em Heraclea de Traquínia na qual se manifestaram contra um acordo de paz com Filipe V. Quando voltaram as hostilidades (209), Átalo saqueou Oreu, na costa de Eubeia, e Opunte, a capital da comarca oriental da Lócrida.
Os despojos procedentes do saque de Oreu foram reservados para o procônsul Sulpício, que regressou a cidade enquanto Átalo permanecia saqueando a cidade de Opunte. Com as forças inimigas divididas, Filipe atacou a Átalo de surpresa, o qual apenas pôde escapar. Átalo foi então obrigado a regressar a Ásia, já que tinha recebido notícias de que Prúsias I, rei da Bitínia e aliado de Filipe V, mobilizava o seu exército contra Pérgamo. Pouco depois os romanos abandonaram a Grécia para enfrentar Aníbal. Em 206 a. C. a Liga Etólia aceitou a paz, apesar das duras condições impostas por Filipe V. Um tratado foi redigido na cidade de Fênice, o qual seria chamado de a Paz de Fênice (205 a.C.) e que termina formalmente a Primeira Guerra Macedônica (214 – 205 a.C.). A Paz de Fênice também acabou com a guerra entre a Bitínia e Pérgamo na Ásia Menor e vislumbrou que Átalo poderia manter sua posse da ilha de Egina. Abaixo o Reino de Pérgamo e Estados vizinhos em 200 a.C.
Em 205 a. C., após a assinatura da Paz de Fênice, Roma solicitou ajuda a Átalo, o único aliado romano na Ásia, em um caso religioso. Um número invulgar de chuvas de meteoritos teria causado grande preocupação em Roma que ao consultar os Oráculos Sibilinos ( livro profético que continha os oráculos das sibilas) detectou alguns versos que diziam que um inimigo estrangeiro iria batalhar na Itália e só seria derrotado se a
Idaea Magna, isto é, Cibele, a Deusa Mãe, fosse trazida de Pesino, onde era cultuada na forma de uma pedra negra ( talvez um meteorito), para Roma. Tal localidade estava sob o domínio de Átalo que recebeu de braços abertos a delegação romana e entregou a “deusa” ao senador Marco Valério Levino. Quando a delegação regressou a Roma (204) com a pedra de Cibele, a deusa passa ser chamada de Magna Mater.
Apesar da Paz de Fênice ter frustrado os impulsos expansionistas de Filipe V, não os extinguiram. Os macedônios tomam a ilha de Samos e a frota egípcia que estava ali e assediam a ilha de Quíos.
Tais ações provocam Pérgamo e seus aliados: Rodes, Bizâncio e Cízico que vêem as pretensões expansionistas de Filipe voltarem-se para a Ásia. Uma grande batalha naval deu-se no estreito de Quíos onde os macedônios prevaleceram. Durante a batalha, Átalo foi isolado de sua frota e teve de fugir da perseguição insistente de Filipe, sendo obrigado a desembarcar de seus navios o tesouro real, a fim de que seus inimigos desviassem a sua atenção da perseguição para a pilhagem. Durante o ano 201 a. C., Filipe V começou a invasão de Pérgamo, e embora ela não fosse capaz de tomar a fortemente defendida cidade, graças às disposições tomadas por Átalo antes da chegada de Filipe, este ordenou a demolição de templos e santuários que estavam localizados fora do recinto fortificado. Apesar do cerco, Átalo e seus aliados de Rodes enviaram uma delegação a Roma a fim de denunciar as agressões de Filipe. Isso daria início a Segunda Guerra Macedônica (200 – 196 a.C.).
Abaixo, moeda com a efígie de Filipe V da Macedônia. Em 200 a.C. os exércitos macedônios invadiram a Ática e Atenas, que se manteve neutra nos conflitos de seus vizinhos, foi forçada a pedir a ajuda aos inimigos do rei macedônio. Átalo que estava estacionado em Egina com uma frota recebeu uma embaixada ateniense que pediu a sua ida até Atenas. O rei de Pérgamo recebeu notícias de que delegação romana também estava em Atenas e decidiu ir para lá imediatamente. Em Atenas Átalo foi festivamente recebido e proclamado herói. O cônsul romano Sulpício Galba convenceu o Senado a enfrentar mais uma vez a Filipe com o apoio de Átalo. A força conjunta de Pérgamo e Roma começa a atacar as forças macedôncias no Mar Egeu e na primavera de 199 tomam a ilha de Andros cujo despojo foi para o erário romano e a ilha ficou na posse de Pérgamo. Após duras campanhas a frota romano-pergamena regressa a Eubéia repleta de despojos. Átalo e o comandante romano se encontram em Heraclea de Traquínia com representantes da liga Etólia que solicitam ajuda do rei de Pérgamo. Este recusa, tendo em vista que a Liga também não o ajudou quando do ataque de Filipe a Pérgamo. Após nova tomada de Oreu, os romanos ficam com os prisioneiros e Átalo com a cidade. Após participar dos Mistérios de Elêusis, Átalo regressa a Pérgamo.
Na primavera de 198 a.C., Átalo junto com os rodianos toma a ilha de Eubeia (exceto Cálcis) e junto com os romanos toma Erétria e Caristo. Tentam infrutuosamente tomar Corinto, mas avançam vitoriosamente sobre as forças macedônicas.
Em 197 a.C., o novo cônsul romano Tito Quíncio Flaminino convoca Átalo para um conselho de líderes antimacedônicos em Tebas. Átalo foi o primeiro a falar no conselho e enquanto falava, caiu, com a metade do corpo paralisado (possivelmente apoplexia). Transportado para Pérgamo, Átalo morreu pouco depois após receber a notícia da decisiva vitória romana na Batalha de Cinocéfalos, que finalizou a Segunda Guerra Macedônica.
Tinha 72 anos quando de seu falecimento e foi sucedido por seu primogênito Eumenes.
Abaixo, sítio da Biblioteca de Pérgamo.
FONTES:
http://www.livius.org/as-at/attalus/attalus_i_soter.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Atalo_I
http://en.wikipedia.org/wiki/Attalus_I
http://ca.wikipedia.org/wiki/%C3%80tal_I_de_P%C3%A8rgam
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0420.html