terça-feira, 3 de março de 2009

EUMENES III ARISTÔNICO (133 – 129 a.C.)

Moeda com a efígie de Eumenes III Aristônico

Quando da morte de Átalo III Filométor (133) este deixa em testamento o reino de Pérgamo ao povo romano. Na ocasião também havia agitação entre os escravos e crescia o descontentamento entre os pobres das cidades e a população camponesa. Isso é evidenciado pelo fato das autoridades terem concedido o direito de cidadania aos mercenários e de melhorarem também a situação legal dos escravos. As autoridades locais possivelmente pretendiam travar o iminente movimento revoltoso com essas medidas. Talvez Átalo, com o seu testamento, visasse à pacificação social do reino legando-o a maior potência político-militar da época, a República Romana.
Abaixo, maquete da cidade Pérgamo.


O Senado envia a Pérgamo uma comissão para tomarem possessão da herança. A chegada da comissão (possivelmente nos inícios do ano de 132) fez precipitar um levante. Aristônico, filho natural de Eumenes II e de uma cortesã de Éfeso, apresentando-se como legítimo herdeiro do trono de Pérgamo, se recusa a anuir à possessão romana. Ele adota o nome dinástico de Eumenes III e proclama-se rei de Pérgamo. Para conseguir apoio a sua causa promete liberdade às cidades gregas. Por temor do poderio militar dos romanos, as cidades não o apóiam, inclusive a própria Pérgamo e Éfeso. Mas ele encontra o suporte na zona rural, onde as condições socioeconômicas faziam à população aspirar por dias melhores. A revolta transforma-se num conflito social entre a população oprimida do campo e a população urbana rica. Aristônico toma a pequena cidade costeira de Leuce (entre Esmirna e Focéia). Depois, diz Estrabão (Geografia, XIV, 646) que, “derrotado pelos efésios numa batalha naval em Cime, fugiu de Leuce para as regiões do interior, onde bem depressa logrou juntar uma grande quantidade de deserdados e escravos, chamando-os à luta pela liberdade”. O movimento ganha maior proporção. As cidades gregas de Tiatira e de Apolônis, na Lídia, são conquistadas. A onda revolucionária estende-se para sul, até Halicarnassos, na Cária. Os trácios, no outro lado do Helesponto, auxiliam-no, pois entre os escravos da Ásia Menor havia muitos trácios. Blóssio de Cumas na Itália, filósofo estóico, amigo do tribuno romano Tibério Graco (já falecido e que havia se destacado pela sua atuação social), juntou-se a Aristônico e pretendia criar na Mísia um Estado socialista: a cidade de Heliópolis ( cidade do sol em grego). Provavelmente o movimento tinha uma índole social de características utópicas com matizes religiosas como nos legou a tradição: a Pólis do Sol seria o reino da liberdade e da igualdade, onde não existiriam nem ricos nem pobres, nem escravos nem senhores. A população livre aderiu em grande número ao movimento, não só nas camadas mais pobres, como também nas camadas sociais médias. Eumenes III Aristônico tomou a frota real atálida na costa desde os estreitos do Mar Negro até a Cária, exercendo a pirataria. Abaixo, moeda pergamena do tempo de Aristônico.

Por fim, Roma resolve tomar posse de sua herança pela força das armas. Em 131, o Senado envia à Ásia Menor legiões comandadas pelo cônsul Públio Licínio Crasso Dives Muciano. Aristônico é sitiado em Leuce, mas suas forças obrigam os romanos a se retirarem, embora estes fossem apoiados pelos reis do Ponto, Bitínia, Capadócia e Paflagônia. Na retirada, Crasso Muciano é aprisionado e morto. Sua cabeça é levada a Aristônico e seu corpo enterrado em Esmirna.
Em 130, Roma envia o sucessor de Crasso Muciano, o cônsul Marco Perpena que derrota Aristônico numa grande batalha. Perpena apodera-se do tesouro deixado por Átalo III Filométor ao povo romano e o coloca num navio em direção a Roma. Perseguido pelos romanos, Aristônico retira-se para Estratonicéia, onde os romanos o assediam e obrigam a render-se pela fome. Blóssio suicida-se. Aristônico, que havia se rendido, é aprisionado. Marco Perpena morre pouco tempo depois nas proximidades de Pérgamo e substituído pelo cônsul Mânio Aquílio que leva Aristônico a Roma fazendo-o parte do seu cortejo triunfal. Por ordem do Senado, Aristônico foi estrangulado na prisão em Roma sendo justiçado pela morte de Crasso Muciano. Assim morreu, o último dos Atálidas. Abaixo, vista das ruínas da acrópole de Pérgamo a partir da Via Tecta, estrada construída pelos romanos.

Os últimos focos da rebelião de Aristônico serão dominados por Mânio Aquílio. Assistido por uma comissão senatorial, Aquílio reorganiza a Ásia Menor. O reino de Pérgamo transforma-se na província romana da Ásia. Os territórios orientais de Pérgamo são entregues aos reis aliados dos romanos, mas logo o Senado anulará essas concessões por acreditar que Aquílio e os membros da comissão haviam sido corrompidos por esses reis.
A província da Ásia, rica e evoluída, foi a primeira a ser entregue aos publicanos (cobradores de impostos). Esta província, o antigo reino de Pérgamo, é um importante ponto estratégico do domínio romano no Oriente. Mas a revolta contra Roma permaneceu bem viva, como o demonstrou a rebelião dos anos de 88 a 85 nas guerras instigadas pelo rei antirromano do Ponto, Mitrídates VI. Após as Guerras Mitridáticas, Pérgamo seguirá seu curso de cidade greco-romana, um dos centros do culto imperial e da cultura helenística.
Abaixo a evolução da dominação romana de 133 a 31 a.C.

FONTES:
http://es.wikipedia.org/wiki/Eumenes_III
http://www.livius.org/es-ez/eumenes/eumenes_iii_aristonicus.html
http://www.attalus.org/translate/justin5.html#36.4
http://www.tertullian.org/fathers/eutropius_breviarium_2_text.htm

sábado, 28 de fevereiro de 2009

ÁTALO III FILOMÉTOR (138 – 133 a.C.)

Átalo III (imagem ao lado) era filho do Rei Eumenes II e Estratonice. Há a informação variante de Estratonice ser sua madrasta. Quando da morte de Eumenes II Sóter (159), este é sucedido por seu irmão Átalo II Filadelfo, porque Átalo III era demasiado jovem para assumir o trono. A sua madrasta Estratonice adota-o como seu filho, e ele recebe o epíteto de Filométor (Philometor, “aquele que ama sua mãe”). Em 153, Átalo III é designado como sucessor por seu tio. Em 152, foi enviado a Roma para ser apresentado ao Senado e confirmar as relações amistosas entre os Romanos e a monarquia de Pérgamo. Ele foi bem recebido pelo Senado e por amigos do seu pai. No seu retorno a Pérgamo todas as cidades gregas entretiveram-no honrosamente. A adoção é confirmada pelo Senado romano. Era casado com Berenice, possivelmente filha de Ptolomeu VI, faraó grego do Egito. Apesar do ar promissor, Átalo III (busto abaixo) desenvolve um comportamento peculiar: escreve livros sobre botânica, horticultura, e agricultura. Antes de ascender ao trono, perde sua mãe e esposa que falecem aparentemente de causas naturais. Assumiu o trono em 138, quando da morte de seu tio Átalo II Filadelfo. Seu reinado foi curto e infeliz. Segundo o historiador romano Justino ele poluiu o reino de Pérgamo. Acredita-se que ele tenha envenenado pessoas que tinha como responsáveis pelas mortes de sua mãe Estratonice e de sua esposa Berenice, as quais, até onde se sabe morreram de causas naturais. Tendo por enfadonhos os conselhos dos amigos de seu pai, o Rei Eumenes II, depois de os haver convidado ao palácio, os massacra pelas mãos de seus mercenários. As esposas e os filhos dos assassinados tiveram o mesmo destino. Homem cruel e de extravagante comportamento, parece provável que ele era perturbado mentalmente. Depois de matar muitos dos seus parentes e amigos por suspeitas sem motivo, ele abandonou toda a atenção dos assuntos públicos, negligenciou a sua aparência pessoal (diz-se que não mais tomava banho ou barbeava-se) e nunca mais se mostrou externamente, nem a seus súditos, nem a embaixadores. Cheio de remorsos, dedicou-se a escultura e a jardinagem (sobre a qual ele escreveu um livro). A planta Babaçu tem o nome científico Attalea Speciosa em sua homenagem visto ter cultivado plantas medicinais. Alguns autores clássicos (Plínio, Plutarco, Diodoro da Sicília, entre outros) utilizaram sua obra sobre agricultura a qual continha uma lista de plantas venenosas. Entretinha-se a modelar cera e numa peculiar jardinagem de plantas venenosas. Escreveu tratados sobre venenos enquanto testava a eficácia dos mesmos nos seus próximos a quem enviava ornamentos botânicos envenenados como presentes especiais.Abaixo, maquete da acrópole de Pérgamo no museu de Berlim, Alemanha.

Em 133 a.C., enquanto trabalhava sozinho em um monumento dedicado à sua mãe ( para quem também mandou construir um magnífico túmulo), ele contraiu uma desordem física devida a sua grande exposição ao calor do sol (insolação), morrendo no sétimo dia posteriormente sem herdeiros. Embora fosse jovem, Átalo III havia preparado um testamento. Nele ele deixou o reino para o povo de Roma na condição de que Pérgamo fosse mantida livre e autônoma. Tenta-se explicar a atitude de Átalo pela sua misantropia e também como, apesar de seu estado mental perturbado, reconhecimento do domínio de fato de Roma, num reino à época numa situação conturbada. Quando da morte de Átalo, havia agitação entre os escravos e crescia o descontentamento entre os pobres das cidades e a população camponesa. As autoridades supervenientes tomaram medidas para conterem possíveis rebeliões e manter a paz social. Talvez Átalo III, com o seu testamento, visasse o mesmo objetivo. Na realidade, o Reino de Pérgamo já algum tempo era um reino cliente da República romana.
Posteriormente haverá outros casos semelhantes em Estados helênicos: a entrega da Cirenaica a Roma, por testamento de Ptolemeu Ápion em 96 a.C; e a da Bitínia, também por testamento do seu monarca, Nicomedes IV, em 75 (ambas foram anexadas como províncias em 74).
A notícia do testamento de Átalo III chegou a Roma por meio do cidadão pergameno Eudemo. O tribuno romano Tibério Semprônio Graco, sem dinheiro para pôr a lei semprônia agrária em ação, viu a sua oportunidade na herança de Átalo (cuja fortuna pessoal era imensa) e quis utilizar os seus poderes tribunícios para destinar os fundos de Pérgamo para a execução da sua lei. Mas, o Senado embargau-lhe o intento.
Em 132, o Senado envia a Pérgamo uma comissão com o encargo de tomarem possessão da herança. É quando estoura uma rebelião liderada por Aristônico, filho bastardo de Eumenes II e irmão de Átalo III, que não se conforma com o testamento e vai reivindicar o trono de Pérgamo.
Fonte: http://classics.mit.edu/Plutarch/tiberius.html
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0420.html
http://www.azpmedia.com/historia/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=60
http://www.forumromanum.org/literature/justin/english/trans36.html#4
http://pre-vestibular.arteblog.com.br/46/

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ÁTALO II FILADELFO (159 – 138 a.C.)

Nascido em 220 a.C. Átalo II ( imagem ao lado) era o segundo filho de Átalo I Sóter com Apolonis. Sucedeu seu irmão, Eumenes II Sóter. Adotou o epíteto de filadelfo, isto é, “aquele que ama o irmão”. Antes de ser rei destacou-se como grande general e diplomata.
Quando da morte de Átalo I, sucede-o seu primogênito Eumenes II Sóter. Átalo II é o braço direito de seu irmão mais velho e ajuda-o a reorganizar as grandes conquistas territoriais. Em 192 é enviado como embaixador a Roma onde avisa o Senado contra o rei selêucida Antíoco III, o Grande, que havia cruzado o Helesponto em direção à Grécia. Atuou várias vezes como embaixador de Pérgamo em Roma.
Em 190 a.C., estando seu irmão ausente, resistiu à invasão do príncipe Seleuco (filho de Antíoco III) e esteve presente na Batalha de Magnésia do Sípilo junto com seu irmão Eumenes II que comandava a ala direita do exército pergameno-romano. Ali Roma e aliados puseram fim as pretensões expansionistas de Antíoco III. Em 189, apóia o comandante romano Mânlio Vulso em uma expedição contra os gálatas a quem os romanos atribuíam apoio a Antíoco III. Nesse mesmo ano, Eumenes II funda uma cidade na Lídia e em homenagem a Átalo II a denomina Filadélfia (“amor fraternal”), hoje Alaşehir na Turquia, mencionada com grande distinção na Bíblia ( Apocalipse 3.7-13).

Abaixo , ruínas da muralha de Filadelfia na Turquia.

Em 183, Átalo participa das lutas de Pérgamo contra o rei Prusias I da Bitínia que é derrotado. Entre 182-179, Átalo participa da guerra contra o rei Farnaces do Ponto; ganhos territoriais para Pérgamo.Em 172, após falar contra o rei Perseu da Macedônia no Senado romano, Eumenes II sofre um atentado na Grécia e é tido como morto em Pérgamo. Átalo II assume o governo e casa-se com Estratonice. Quando do regresso de Eumenes, Átalo abdica do trono e de Estratonice. Em 171 a.C., juntamente com seus irmãos, Eumenes II e Ateneu, apóia o cônsul romano Públio Licínio Crasso na Grécia durante a Terceira Guerra Macedônica, durante a qual, os Romanos começam a desconfiar de Eumenes II e suas relações com Perseu. Em 167, Átalo é enviado a Roma para saudar aos romanos pela vitória contra Perseu onde é comunicado do desagrado do Senado quanto ao seu irmão, Eumenes II, e enviado de volta a Pérgamo; antes, o Senado tenta acordar com Átalo que ele substitua seu irmão como rei de Pérgamo, mas ele não se dispôs a trair seu irmão. Segundo os historiadores romanos Políbio e Tito Lívio, a proposta do Senado estimulou as ambições de Átalo que, no entanto, foi demovido de seu propósito por Estrácio, médico de Pérgamo, enviado como embaixador a Roma. Ainda assim, as relações entre os Romanos e Átalo permanecem cordiais. Ao lado, estátua de um governante helenístico que se pensa ser Átalo II Filadelfo. Entre 167 e 164, Átalo atua como embaixador de Pérgamo junto a Roma. Em 159 morre Eumenes II Soter e é sucedido por Átalo II, que atua como regente do filho de Eumenes, Átalo III e se casa novamente com Estratonice.
O reinado de Átalo II se destacará por sua intervenção nos países vizinhos visando os interesses de Pérgamo. Em 158 estoura uma guerra civil na Capadócia: Orofernes II, apoiado pelo rei selêucida Demétrio I Sóter, usurpa o trono Capadócia de Ariarates V, irmão da esposa de Átalo II, que respaldado por Roma, reinstala o cunhado de volta ao trono capadócio em 156.
Entre 156-154: guerra contra rei Prusias II da Bitínia que ataca Pérgamo. Átalo II e seus aliados, Ariarates V da Capadócia e Mitrídates IV do Ponto, demandam junto ao Senado a intervenção de Roma que exige o recuo de Prusias II bem como o obriga a pagar uma indenização ao rei de Pérgamo. Entre 153 e 150 a.C. estoura nova guerra civil no reino helenístico da Síria: o usurpador Alexandre Balas luta contra o rei Demétrio I Sóter. Átalo II, em conjunto com Ariarates V da Capadócia, o rei egípcio Ptolomeu VI Filométor e a República de Roma apoiam Alexandre I Balas que por fim assume o Império Selêucida em 150.
Em torno de 150 Átalo II fundou a cidade de Atália (Attaleia), hoje Antalya ( imagem abaixo) na Turquia, famosa por sua base naval e sua poderosa frota.

Em 149, apóia Nicomedes II da Bitínia contra seu pai Prusias II derrotando o sogro deste, o príncipe trácio Degilis. No mesmo ano envia soldados pergamenos em auxílio aos romanos que lutavam contra Andrisco que se intitulava Filipe VI e reivindicava o trono da Macedônia, que agora era província romana. Esses soldados participam da tomada da cidade grega de Corinto pelos romanos.
Átalo II deixou os últimos anos de seu reinado nas mãos de seu poderoso ministro Filopemen. Abaixo, mosaico do palácio de Átalo II.
 Como seus antecessores, Átalo II Filadelfo era entusiasta das artes e das ciências e patrono da cultura grega. Em Atenas há a célebre Stoa (pórtico) de Átalo. Átalo foi o inventor de uma espécie de bordado.

Abaixo o Stoa de Átalo em Atenas.
Abaixo localização de Pérgamo, Filadélfia e Atália na Ásia Menor.
 Em 138 a.C. morre aos 82 anos Átalo II Filadelfo e é sucedido por seu sobrinho Átalo III Filométor, o filho do Rei Eumenes II.

FONTES:
«http://ca.wikipedia.org/wiki/%C3%80tal_II_de_P%C3%A8rgam»
http://www.livius.org/as-at/attalus/attalus_ii.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Antalya
http://en.wikipedia.org/wiki/Attalus_II_Philadelphus

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

EUMENES II SÓTER (197 – 159 a.C.)

Eumenes II ( imagem ao lado), nascido antes de 220 a.C., foi filho e sucessor de Átalo I Sóter e seguirá seu pai na aliança com Roma, como patrono da Grécia e do desenvolvimento político e artístico de Pérgamo. Foi um rei fisicamente fraco, mas de forte espírito; contemporizador e perspicaz, Eumenes levou seu pequeno reino a ser um grande Estado. Durante seu reinado a cidade de Pérgamo se tornou um lugar próspero; foram construídos muitos edifícios e ele desenvolveu a famosa biblioteca de Pérgamo fundada por seu pai, que foi a única concorrente da biblioteca de Alexandria. Ao longo de sua vida ele manteve uma amizade com os seus três irmãos sendo sucedido por um deles devido a menoridade de seu filho quando de sua morte. Pouco antes de morrer, Átalo I Sóter já tinha feito Eumenes corregente devido a sua incapacidade física. Quando de sua ascensão ao trono Eumenes seguirá a política de seu pai. Visto ser o reino de Pérgamo aliado de Roma nas Guerras Macedônicas, Eumenes foi incluído pelos romanos para assinar a paz com o rei Filipe V da Macedônia em 196 a.C., em que ele recebeu as cidades de Erétria e Oreu na Eubeia. Em 195 a.C. ele enviou ajuda ao cônsul Flaminino na guerra contra o tirano Nabis de Esparta. Abaixo, estátua de dama de Pérgamo.
Antíoco III, o Grande, procura a sua aliança e ofereceu-lhe uma de suas filhas em casamento, mas Eumenes II preferiu manter-se aliado dos romanos, e quando a guerra eclodiu entre Roma e Antíoco (Guerra sírio-romana, 192-188 a.C.), Eumenes enviou sua frota de apoio aos romanos e facilitou a passagem deles pelo Helesponto. Na batalha decisiva de Magnésia do Sípilo (190 a.C.), ele comandou pessoalmente as tropas pergamenas que lutaram ao lado dos romanos e parece que fez um bom serviço na luta.
Em 189 funda uma cidade na Lídia e a chama de Philadelpheia, Filadélfia ("amor fraternal"), em homegagem a seu irmão Átalo. Mencionada com grande distinção na Bíblia ( Apocalipse 3.7-13, Filadélfia hoje é Alaşehir na Turquia.
Na Paz de Apamea ( 188 a.C.) entre Roma e Antíoco, Eumenes II recebe grandes territórios na Mísia, Lídia, Frígia e Licaônia, incluindo as cidades de Éfeso, Telmesso, Trales e Lisimáquia bem como o Quersoneso trácio tornando-se governador de um poderoso e estratégico reino. Nessa altura Eumenes casou-se com uma filha de Ariarates IV, rei da Capadócia, Estratonice, e consegue para seu sogro condições favoráveis para a Capadócia ser aliada de Roma. A Capadócia era antes aliada de Antíoco III. Abaixo, o Reino de Pérgamo depois da Paz de Apamea (188 a.C.)

Em 183 Eumenes guerreia contra o rei Prusias I da Bitínia; embora Eumenes sofra derrotas, o suporte romano dá-lhe a vitória no fim do conflito. Nesse ano alia-se às cidades de Creta. Em 182, pela sua aliança matrimonial, Eumenes foi envolvido em uma guerra contra o rei do Ponto, Farnaces I, que tinha invadido a Capadócia; houve enfrentamentos e repetidos envios de embaixadas de ambos à Roma. Na primavera de 181 a. C., sem esperar a volta de seu embaixador, Fárnaces atacou a Eumenes II e a Ariarates IV da Capadócia; invadiu a Galácia com uma numerosa força. Eumenes também se pôs a frente de seu exército, porém as hostilidades foram suspensas quando da chegada dos emissários do Senado Romano, dispostos a investigar as causas da disputa. Fizeram-se negociações em Pérgamo e Fárnaces teve que abandonar suas pretensões expansionistas.
Em todo o seu reinado foi um fiel aliado de Roma, aonde ele foi muitas vezes para tratar de assuntos diplomáticos e onde mostra-se hostil ao reino da Macedônia, tanto a Filipe V e ao seu filho e sucessor Perseu. Quando de sua visita a Roma em 172 a.C. foi recebido com grande distinção. Nessa visita, informa ao Senado sobre os supostos planos de Perseu para ganhar influência na Grécia. Em seu retorno a Pérgamo ele visitou Delfos sendo atacado perto de Cirrha, num complô promovido por Perseu. Embora escape, chega em Pérgamo a notícia de sua morte: seu irmão Átalo II assume o trono e casa-se com a viúva Estratonice. Mas quando Eumenes chega recupera pacificamente seu reino e esposa. Abaixo, o Asclepeion de Pérgamo, santuário dedicado ao deus grego da medicina Asclépio. Ele foi instituído em Pérgamo por Eumenes II, mas suas ruínas modernas remontam a época romana.

Quando eclodiu a terceira guerra entre Macedônia e Roma (171 – 168), a falta de êxitos de Pérgamo na guerra suscita a desconfiança de Roma. Eumenes era suspeito de manter correspondência em secreto com Perseu, uma postura não totalmente improcedente segundo o historiador romano Políbio; talvez Eumenes visasse um tratado de paz menos duro para os macedônios por uma grande quantidade de dinheiro. Após a vitória dos romanos (168 a.C.) seu irmão Átalo foi enviado a Roma para felicitar a vitória romana, mas esta visita não foi bem acolhida pelo Senado e Átalo foi reenviado para casa. Eumenes alarmado decidiu ir pessoalmente a Roma, mas o Senado proibiu a viagem tão logo chegou a Brundúsio e ordenou-lhe que deixasse imediatamente Itália. Durante vários anos, Roma o viu com suspeitas.
Em 166 Eumenes derrota os gálatas, mas os romanos o forçam a deixá-los autônomos. A vitória sobre os gálatas e outras conquistas de Pérgamo foram comemoradas no Altar de Pérgamo. Pérgamo desejava cultivar sua imagem dentro da supremacia cultural e política perdidas por Atenas no mundo helênico. Tinha vários projetos, inclusive o patrocínio de monumentos na acrópole de Atenas. Abaixo, a Stoa (pórtico) de Eumenes em Atenas.
O altar imenso dedicado a Zeus tem frisos que fazem direta referência tanto ao Partenon quanto às vitórias navais de Aníbal em Cartago, mostrando Pérgamo como defensora da cultura grega. Na base do altar, um friso descreve a vida de Télefo, filho de Herácles e mitológico criador da dinastia atálida, tentando fazer sua ligação com os deuses do Olimpo. Pérgamo, tendo se desenvolvido muito mais tarde que seus conterrâneos, não podia reclamar a mesma herança divina das antigas cidades-estado, mas tentava cultivar seu lugar na mitologia grega. Desde 1875 “o Altar de Zeus” (180 a.C.) foi levado para Berlim, após as escavações conduzidas pelo engenheiro alemão Carl Humann. Abaixo, sítio original do altar em Pérgamo.
Abaixo, o Altar de Zeus no Museu de Pérgamo, Berlim, Alemanha.

Em 160 a.C. seu irmão Átalo foi enviado novamente a Roma, onde foi recebido com honras tendo em vista Átalo ser o provável sucessor de Eumenes como aliado de Roma.
Em 159 a.C. esteve novamente em guerra com Prusias II da Bitínia e com os gauleses da Galácia, mas conseguiu evitar uma ruptura com Roma e com o irmão Átalo. Morre no mesmo 159 a.C., embora a sua morte não seja mencionada por nenhum escritor clássico, após um reinado de 39 anos, e foi sucedido por seu irmão Átalo II Filadelfo, já que seu filho Átalo, era ainda uma criança.
Abaixo, representação gráfica da antiga acrópole de Pérgamo.

Abaixo, as ruínas da acrópole de Pérgamo



FONTES:


ÁTALO I SÓTER ( 241 - 197 a.C.)

Átalo I (em grego Attalos) Sóter (grego: Salvador) viveu entre 269 a. C. e 197 a. C., reinou 44 anos sobre Pérgamo e territórios, sendo o mais célebre membro da dinastia atálida. Foi o primeiro governante de Pérgamo a usar o título de rei; grande militar, venceu as tribos gálatas que assolavam a Ásia Menor, conquistou territórios dos Selêucidas, combateu as pretensões expansionistas da Bitínia, lutou ao lados dos Romanos nas guerras contra Filipe V da Macedônia. Era entusiasta das artes e das ciências tendo fundado a biblioteca de Pérgamo.
Pouco se sabe sobre sua infância e juventude. Seu pai, Átalo, era filho de outro Átalo, irmão de Filetero, fundador da dinastia atálida, e irmão de Eumenes, pai de Eumenes I, predecessor de Átalo no trono. O Átalo pai do rei de Pérgamo é mencionado junto com seus irmãos como homem muito querido em Delfos na Grécia. Ganhou grande fama como condutor de carros e ao vencer em Olímpia foi recompensado com um monumento em sua honra em Pérgamo. A mãe de Átalo, Antióquis, pertencia a família real selêucida, sendo possivelmente neta de Seleuco I Nicátor. O matrimônio de Átalo e Antióquis foi organizado por Filetero com o objetivo de consolidar seu poder na Ásia Menor. Esta hipótese se baseia no fato de que Filetero designou ao pai do futuro monarca como seu herdeiro, ainda que fosse sucedido por Eumenes já que, quando da morte de Filetero, Átalo ( o pai de Átalo I Sóter) era muito jovem para governar.
Átalo se casou com uma mulher chamada Apolonis que procedia de Cízico. Tiveram quatro filhos: Eumenes, Átalo, Filetero e Ateneu (em memória do pai de Apolonis). As virtudes de Apolonis e amor que havia dentro da família de Átalo tornaram-se célebres. Abaixo a genealogia dos Atálidas.
O pai de Átalo Sóter morreu quando este era um menino e o jovem Átalo foi adotado por Eumenes I, a quem sucedeu, e tinha 28 anos quando começou a reinar em 241 a.C. E seu primeiro desafio foi enfrentar os temidos gálatas, povo celta que havia cruzado o Estreito do Bósforo e causava grande terror na Ásia com suas pilhagens. Desde os tempos de Filetero, este povo tinha sido um grande inconveniente para o Reino de Pérgamo. As tribos gálatas vinham ameaçado os povos na Ásia Menor obrigando-os a pagar um tributo de proteção. Eumenes I habituou-se em pagar o tributo a fim de proteger seu reino do ataque dos Gálatas. No entanto, quando da ascensão de Átalo ao trono este recusou-se a continuar esse costume, tornando-se o primeiro governante a ter a ousadia de fazê-lo. Em conseqüência, os gálatas atacaram Pérgamo. O exército de Pérgamo e as forças gálatas se enfrentaram nas imediações da nascente do rio Caico e Átalo saiu-se vitorioso. Uma inscrição situada na Acrópole de Pérgamo reza: “Rei Átalo tendo conquistado em batalha os Gálatas Tolistoagii próximo das fontes rio Caico oferece em agradecimento a Atena”. Devido a esta grande vitória, Átalo adota o epíteto grego de Sóter (salvador) e o título de basileus, rei. O significado dessa vitória foi tamanho que posteriormente se criou a lenda de uma profecia de que um filho do touro de Zeus derrotaria os gálatas e esse filho foi identificado com Átalo que teria feições bovinas. Na acrópole de Pérgamo foi erguida em comemoração da vitória um monumento triunfal que incluía uma famosa escultura chamada Gálata moribundo. Abaixo, representação do monumento original.


A escultura original desapareceu, mas perduraram cópias da mesma como a do Museu Capitolino em Roma (abaixo).

Erupção de guerra civil no Império Selêucida: é a Guerra dos Irmãos (241 – 235 a.C.). Selêuco II Calínico é desafiado por seu irmão Antíoco Hiérax, que dominava as possessões selêucidas na Menor a partir de Sardes. Pérgamo foi novamente atacada pelos Gálatas junto com seu aliado Antíoco Hiérax. Átalo derrota-os na Batalha de Afrodísio e novamente em uma segunda batalha no Leste. Em batalhas seguintes Átalo I lutou somente contra Hieráx na Frígia Helespontina, onde possivelmente Hiérax buscava refúgio junto a seu sogro, o rei Ziaelas da Bitínia; Átalo derrotou-o novamente nas proximidades Sardes na primavera de 228 a.C. e, finalmente, em uma campanha na Cária de onde Hiérax foge para o Egito onde será assassinado. Assim Átalo torna-se senhor das possessões selêucidas na Ásia Menor ampliando grandemente o território de Pérgamo. Abaixo, expansão do reino de Pérgamo.
No entanto, o rei selêucida Seleuco III Cerauno, sucessor de Seleuco II Calínico, inconformado, luta para reaver os territórios da Anatólia e após várias batalhas derrota Átalo nos pés dos montes Tauros. Porém, vítima de traição, Seleuco III é assassinado em 222. O novo rei selêucida, Antíoco III Megas, faz do general Aqueu governador do norte dos montes Tauros e em dois anos Aqueu recupera os territórios anexados pelos pergamenos confinando Átalo a região original de Pérgamo. Posteriormente, Aqueu se emancipou de Antíoco III assumindo o título de rei e passou a governar sozinho grande parte da Ásia Menor. Em 220, estoura a guerra entre Rodes e a cidade de Bizâncio por causa de tributos na passagem do Bósforo trácio. Prusias I, rei da Bitínia, se aliança com Rodes e Bizâncio pede ajuda Átalo I de Pérgamo e a Aqueu. Eles iniciam um movimento para estabelecer o tio de Prusias, Tiboetes, que vivia na Macedônia, como rei da Bitínia, que no entanto, morre inesperadamente. A ajuda de Átalo não foi eficaz e por fim, através de negociações mediadas por Cauaros, rei dos gauleses da Trácia, houve paz entre Rodes e Bizâncio.
Em 218 a.C. Átalo contrata mercenários gálatas e recupera os territórios perdidos aproveitando a ausência de Aqueu que estava em campanha na Pisídia. Com ajuda dos gálatas conquista também algumas cidades gregas ao sudeste do Mar Negro.
Em 217, Aqueu retorna e luta para reaver seus domínios. Átalo, porém, se aliança com Antíoco III que em 216 invade os domínios de Aqueu derrotando-o em 214 a.C. Antíoco recupera as possessões selêucidas na Ásia Menor e Pérgamo fica restrito a suas possessões antigas ( mapa abaixo). No Ocidente, a Liga Etólia, uma união de estados gregos da Grécia Central, combate o rei Filipe V da Macedônia que pretende dominar toda a Grécia. Filipe firmou uma aliança com o general cartaginês Aníbal em 215 a. C., o que causou uma grande preocupação em Roma, que estava perdendo na Segunda Guerra Púnica. Em 211 a. C. Roma e a Liga Etólia, vislumbrando inimigos comuns, firmaram um tratado e se unem em uma coligação da qual Átalo I faz parte. Átalo foi eleito como um dos dois strategos (generais) da Liga, e em 210 a. C. comandou a suas tropas na captura de ilha de Egina, a qual adotou como sua base de operações na Grécia.
Durante a primavera do ano seguinte, em 209 a. C., Filipe marchou ao sul da Grécia. Sob o comando de Fírrias, colega strategos de Átalo, os aliados etólios perderam duas batalhas em Lamia. Átalo marchou para a Grécia em julho e se uniu em Egina ao procônsul romano Públio Sulpício Galba Máximo que estava acampado aí com seu exército. Durante o verão de 208 a. C. uma armada composta por 35 barcos de Pérgamo e 25 barcos romanos fracassaram em seu intento de tomar Lemnos, ainda que tiveram êxito na tomada da ilha de Escópelo. Abaixo, estátua de guerreiro pergameno.
Átalo e Sulpício participaram de uma reunião dos líderes antimacedônios em Heraclea de Traquínia na qual se manifestaram contra um acordo de paz com Filipe V. Quando voltaram as hostilidades (209), Átalo saqueou Oreu, na costa de Eubeia, e Opunte, a capital da comarca oriental da Lócrida.
Os despojos procedentes do saque de Oreu foram reservados para o procônsul Sulpício, que regressou a cidade enquanto Átalo permanecia saqueando a cidade de Opunte. Com as forças inimigas divididas, Filipe atacou a Átalo de surpresa, o qual apenas pôde escapar. Átalo foi então obrigado a regressar a Ásia, já que tinha recebido notícias de que Prúsias I, rei da Bitínia e aliado de Filipe V, mobilizava o seu exército contra Pérgamo. Pouco depois os romanos abandonaram a Grécia para enfrentar Aníbal. Em 206 a. C. a Liga Etólia aceitou a paz, apesar das duras condições impostas por Filipe V. Um tratado foi redigido na cidade de Fênice, o qual seria chamado de a Paz de Fênice (205 a.C.) e que termina formalmente a Primeira Guerra Macedônica (214 – 205 a.C.). A Paz de Fênice também acabou com a guerra entre a Bitínia e Pérgamo na Ásia Menor e vislumbrou que Átalo poderia manter sua posse da ilha de Egina. Abaixo o Reino de Pérgamo e Estados vizinhos em 200 a.C.
Em 205 a. C., após a assinatura da Paz de Fênice, Roma solicitou ajuda a Átalo, o único aliado romano na Ásia, em um caso religioso. Um número invulgar de chuvas de meteoritos teria causado grande preocupação em Roma que ao consultar os Oráculos Sibilinos ( livro profético que continha os oráculos das sibilas) detectou alguns versos que diziam que um inimigo estrangeiro iria batalhar na Itália e só seria derrotado se a Idaea Magna, isto é, Cibele, a Deusa Mãe, fosse trazida de Pesino, onde era cultuada na forma de uma pedra negra ( talvez um meteorito), para Roma. Tal localidade estava sob o domínio de Átalo que recebeu de braços abertos a delegação romana e entregou a “deusa” ao senador Marco Valério Levino. Quando a delegação regressou a Roma (204) com a pedra de Cibele, a deusa passa ser chamada de Magna Mater.
Apesar da Paz de Fênice ter frustrado os impulsos expansionistas de Filipe V, não os extinguiram. Os macedônios tomam a ilha de Samos e a frota egípcia que estava ali e assediam a ilha de Quíos.
Tais ações provocam Pérgamo e seus aliados: Rodes, Bizâncio e Cízico que vêem as pretensões expansionistas de Filipe voltarem-se para a Ásia. Uma grande batalha naval deu-se no estreito de Quíos onde os macedônios prevaleceram. Durante a batalha, Átalo foi isolado de sua frota e teve de fugir da perseguição insistente de Filipe, sendo obrigado a desembarcar de seus navios o tesouro real, a fim de que seus inimigos desviassem a sua atenção da perseguição para a pilhagem. Durante o ano 201 a. C., Filipe V começou a invasão de Pérgamo, e embora ela não fosse capaz de tomar a fortemente defendida cidade, graças às disposições tomadas por Átalo antes da chegada de Filipe, este ordenou a demolição de templos e santuários que estavam localizados fora do recinto fortificado. Apesar do cerco, Átalo e seus aliados de Rodes enviaram uma delegação a Roma a fim de denunciar as agressões de Filipe. Isso daria início a Segunda Guerra Macedônica (200 – 196 a.C.). Abaixo, moeda com a efígie de Filipe V da Macedônia. Em 200 a.C. os exércitos macedônios invadiram a Ática e Atenas, que se manteve neutra nos conflitos de seus vizinhos, foi forçada a pedir a ajuda aos inimigos do rei macedônio. Átalo que estava estacionado em Egina com uma frota recebeu uma embaixada ateniense que pediu a sua ida até Atenas. O rei de Pérgamo recebeu notícias de que delegação romana também estava em Atenas e decidiu ir para lá imediatamente. Em Atenas Átalo foi festivamente recebido e proclamado herói. O cônsul romano Sulpício Galba convenceu o Senado a enfrentar mais uma vez a Filipe com o apoio de Átalo. A força conjunta de Pérgamo e Roma começa a atacar as forças macedôncias no Mar Egeu e na primavera de 199 tomam a ilha de Andros cujo despojo foi para o erário romano e a ilha ficou na posse de Pérgamo. Após duras campanhas a frota romano-pergamena regressa a Eubéia repleta de despojos. Átalo e o comandante romano se encontram em Heraclea de Traquínia com representantes da liga Etólia que solicitam ajuda do rei de Pérgamo. Este recusa, tendo em vista que a Liga também não o ajudou quando do ataque de Filipe a Pérgamo. Após nova tomada de Oreu, os romanos ficam com os prisioneiros e Átalo com a cidade. Após participar dos Mistérios de Elêusis, Átalo regressa a Pérgamo.
Na primavera de 198 a.C., Átalo junto com os rodianos toma a ilha de Eubeia (exceto Cálcis) e junto com os romanos toma Erétria e Caristo. Tentam infrutuosamente tomar Corinto, mas avançam vitoriosamente sobre as forças macedônicas.
Em 197 a.C., o novo cônsul romano Tito Quíncio Flaminino convoca Átalo para um conselho de líderes antimacedônicos em Tebas. Átalo foi o primeiro a falar no conselho e enquanto falava, caiu, com a metade do corpo paralisado (possivelmente apoplexia). Transportado para Pérgamo, Átalo morreu pouco depois após receber a notícia da decisiva vitória romana na Batalha de Cinocéfalos, que finalizou a Segunda Guerra Macedônica.
Tinha 72 anos quando de seu falecimento e foi sucedido por seu primogênito Eumenes.
Abaixo, sítio da Biblioteca de Pérgamo.

FONTES:
http://www.livius.org/as-at/attalus/attalus_i_soter.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Atalo_I
http://en.wikipedia.org/wiki/Attalus_I
http://ca.wikipedia.org/wiki/%C3%80tal_I_de_P%C3%A8rgam
http://www.ancientlibrary.com/smith-bio/0420.html

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

EUMENES I (263 – 241 a.C.)

Eumenes I de Pérgamo era filho de Satyra, filha de Posseidônio, com Eumenes, irmão de Filetero, o fundador da dinastia atálida. Eumenes foi adotado como filho e herdeiro de Filetero e o sucedeu quando de sua morte em 263 a. C. como governante de Pérgamo e do vale do rio Caico.  
Pérgamo desfrutou de grande autonomia com Filetero, ainda que se encontrasse teoricamente sob o poder dos Selêucidas. Ainda que não tomasse o título de rei, Eumenes quando assumiu o trono e passou a agir com grande independência de seu “senhor”, o rei selêucida Antíoco I. Encorajado por Ptolomeu II do Egito que estava em guerra com os Selêucidas, Eumenes se rebela e derrota ao rei Antíoco I Sóter próximo de Sardes, a capital da Lídia em 261 a. C. Assim pôde liberar Pérgamo e ampliar consideravelmente seus territórios, estabelecer guarnições no norte, nas faldas do monte Ida (imagem abaixo), chamada Filetereia em homenagem seu pai adotivo, e no leste, ao nordeste de Tiatira, próximo das fontes do rio Lico, chamada Ataleia, em honra de seu avô. Estendeu seu controle ao sul do rio Caico, até o golfo de Cime.
Eumenes permaneceu amistoso com o sucessor de Antíoco I, Antíoco II Teos, embora seja aliado do inimigo deste, Ptolomeu II Filadelfo do Egito, na Segunda Guerra Síria (260-253).
Nesse tempo, os Gálatas estavam saqueando a Ásia Menor e Eumenes conseguiu liberar Pérgamo através de pagamento de tributos.
Não se sabe se teve filhos. Um “Filetero filho de Eumenes" é mencionado numa inscrição na cidade de Téspias; alguns consideram-no como o filho de Eumenes, que então teria morrido antes da morte do seu pai em 241. Eumenes adotou o seu segundo primo, Átalo, que o sucedeu como o soberano de Pérgamo.
Quando de sua morte em 241 a.C. foram instituídos jogos em sua homenagem, as Eumeneia.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Eumenes_I
http://www.livius.org/es-ez/eumenes/eumenes_i.html

FILETERO EVERGETES (282 - 263 a.C.)

Filetero (Φιλέταιρος, Philétairos ) viveu em c. 343 - 263 a.C. e foi o fundador da dinastia dos Atálidas em Pérgamo na Anatólia. Nasceu em Tieion uma aldeia no costa anatólia do Mar Negro entre a Bitínia e a Paflagônia. Seu pai era Átalo (em grego Attalos, talvez procedente da Macedônia) e sua mãe, Boa, era uma mulher da Paflagônia.
Ao lado, moeda do tempo de Eumenes I com as efígies de Filitero e da deusa Atena, padroeira de Pérgamo. Segundo estudiosos, a robustez de seu rosto indica sua condição de eunuco.
Após a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a. C., Filetero esteve envolvido nas lutas de poder conhecidas como as "Guerras dos Diádocos” (diádocos significa "sucessores" em grego) entre os governadores regionais de Alexandre: Antígono Monoftalmos na Frígia, Lisímaco na Trácia e Seleuco I Nicátor na Babilônia, dentre outros. Filetero serviu com o macedônio Dócimo inicialmente a Antígono, mas depois passou para o lado de Lisímaco, que, após a morte de Antígono na batalha de Ipso em 301 a. C., torna-se senhor da maior parte da Anatólia. Lisímaco nomeou Filetero governador de Pérgamo, a cidade onde Lisímaco mantinha um tesouro de 9000 talentos de prata. Abaixo, o mundo helenístico após a morte de Antígomo Monoftalmos (301 a.C.).


Filetero reconheceu a soberania de Lisímaco até 282 a. C., quando, talvez por causa de conflitos decorrentes das intrigas palacianas de Arsínoe II do Egito, a terceira mulher de Lisímaco, esse condenou a morte seu primogênito, Agatocles. Esse feito atroz de Lisímaco causou grande indignação. Muitas das cidades da Ásia Menor se revoltaram, e seus amigos de confiança desertaram, entre eles Filetero que ficou ao lado de Lisandra, viúva do príncipe falecido, que pede ajuda a Selecuco: o embate entre os dois diádocos é inevitável. Filetero decidiu abandonar Lisímaco e se ofereceu, juntamente com a importante fortaleza de Pérgamo e os seus tesouros, a Seleuco, diádoco das regiões orientais. Lisímaco foi derrotado e morto em batalha em 281, em Corupédio, por Seleuco, o qual também seria morto meses depois por Ptolomeu Cerauno, irmão de Arsínoe, em Lisimáquia (Trácia). Filetero compra o cadáver de Seleuco e o remete ao filho e sucessor deste, Antíoco I, em Selêucia.
Embora Filetero se encontrasse formalmente sob controle selêucida após a morte de Seleuco, tinha uma considerável autonomia e foi capaz, graças à sua enorme riqueza, de aumentar o seu poder e influência para além de Pérgamo. Há muitas notícias Filetero como um benfeitor de cidades vizinhas e templos, como Delfos e Delos. Também contribuiu com tropas, dinheiro e comida para a cidade de Cízico, na sua defesa contra os invasores gálatas. Como resultado, Filetero ganhou prestígio para si e sua família. Embora não ostentasse o título de rei, seus domínios constituíam um verdadeiro reino. Abaixo, o território de Filetero após a morte de Lisímaco (281 a.C.).

Ao longo de seus quase quarenta anos de governo, construiu sobre a acrópole de Pérgamo o templo de Demeter e Atena (a deidade protetora de Pérgamo), bem como o primeiro palácio da cidade e melhorou em grande medida as fortificações.
Sendo eunuco, Filetero nunca se casou e não teve filhos. Atribui-se essa condição a um acidente de infância onde seus testículos teriam sido esmagados, embora alguns eruditos entendam que isso é uma lenda inventada por seus sucessores para retirar o opróbrio de Filetero que teria sido castrado para estar a serviço real.
Caristo, gramático de Pérgamo, diz que era filho de uma cortesã, e sua origem indecorosa teria sido abafada pela versão estatal de que seria descendente de Hércules.
Adotou seu sobrinho, Eumenes I, que lhe sucedeu como governante de Pérgamo quando de sua morte em 263 a. C. Ao seu nome foi dado o apodo grego de euergetes, evergetes, o benfeitor.
A exceção de Eumenes II, todos os futuros soberanos de Pérgamo representaram o busto de Filetero nas suas moedas, prestando homenagem ao fundador da sua dinastia.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Philetaerus
http://es.wikipedia.org/wiki/Filetero
http://ca.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%A8ter_de_P%C3%A8rgam
http://www.livius.org/phi-hp/philetaerus/philetaerus.html">http://www.livius.org/phi-php/philetaerus/philetaerus.html